Os brasileiros costumam dizer que vivem em um continente e não em um país. É um exagero desculpável. A massa terrestre é maior que a dos Estados Unidos se excluirmos o Alasca; a viagem de Recife, no leste, até a fronteira oeste com o Peru é mais longa do que a de Londres a Moscou, e a distância entre as fronteiras norte e sul é quase a mesma que entre Nova York e Los Angeles. O Brasil não tem montanhas que se comparem aos seus vizinhos andinos, mas em todos os outros aspectos tem toda a variedade paisagística – e cultural – que se esperaria de um país tão vasto.
Apesar das imensas extensões do interior, cerca de dois terços da população do Brasil vive na costa ou perto dela e bem mais da metade vive em cidades – até mesmo na Amazônia. No Rio e em São Paulo, o Brasil tem duas das grandes metrópoles do mundo e outras dez cidades têm mais de um milhão de habitantes. No entanto, o Brasil ainda se considera um país fronteiriço e, certamente, quanto mais se aprofunda no interior, mais escassa se torna a população.
Outros sul-americanos consideram os brasileiros uma raça à parte, e a língua tem muito a ver com isso – os brasileiros entendem quase espanhol, mas os falantes de espanhol não entendem português. Os brasileiros também parecem diferentes. No extremo sul da Alemanha e na Europa Oriental, a imigração deixou traços distintivos; São Paulo tem a maior comunidade japonesa do mundo fora do Japão; a escravidão está por trás de uma grande população afro-brasileira concentrada no Rio, Salvador e São Luís; enquanto a influência indígena ainda é muito visível na Amazônia. A imigração italiana e portuguesa tem sido tão grande que a sua influência se faz sentir em todo o país.
O Brasil é uma terra de profundas contradições econômicas. A rápida industrialização do pós-guerra tornou-o numa das dez maiores economias do mundo na década de 1990 e é enganador pensar no Brasil como um país em desenvolvimento; está a tornar-se rapidamente no principal exportador agrícola do mundo e tem várias multinacionais locais a competir com sucesso nos mercados mundiais. A última década assistiu a milhões de brasileiros ingressarem na classe média em expansão do país e a melhorias generalizadas nos indicadores sociais, como a esperança de vida e a educação básica. Mas as enormes divisões sociais ainda são um fato da vida no Brasil. As cidades são pontilhadas de favelas, bairros de lata que se aglomeram em torno dos arranha-céus, e também existem grandes diferenças regionais: os brasileiros falam de uma “Suíça” no Sul, centrada no eixo Rio-São Paulo, e de uma “Índia” acima dele , e embora isto seja uma simplificação, o nível de desenvolvimento económico diminui à medida que se avança para norte ou para leste. O Brasil possui enormes recursos naturais, mas sua exploração beneficiou menos do que deveria. A corrupção institucionalizada, um sector público inchado e ineficiente e a relutância da classe média do país em fazer qualquer coisa que possa pôr em risco o seu estilo de vida confortável são uma grande parte do problema. Níveis de violência que seriam considerados uma emergência pública na maioria dos países são fatalisticamente aceitos no Brasil – uma média de dezessete assassinatos por dia na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo.
Essas dificuldades, porém, não ofuscam a vida cotidiana no Brasil, e a violência raramente afeta os turistas. É justo dizer que em nenhum lugar do mundo as pessoas se divertem mais – principalmente nas celebrações orgiásticas anuais do Carnaval, mas também se refletem na animada vida noturna durante todo o ano que você encontrará em qualquer cidade de tamanho decente. Este hedonismo nacional também se manifesta na cultura de praia altamente desenvolvida do Brasil, na música e dança soberbas, na rica culinária regional e na atitude mais relaxada e tolerante em relação à sexualidade – gay e heterossexual – que você encontrará em qualquer lugar da América do Sul.
De longe o maior país da América do Sul, o Brasil cobre quase metade do continente e é apenas ligeiramente menor que os EUA, com uma área de pouco mais de 8,5 milhões de quilómetros quadrados. Faz fronteira com todos os países sul-americanos, exceto Chile e Equador.
O Brasil tem cerca de 200 milhões de habitantes, sendo o quinto país mais populoso do mundo.
Quase noventa por cento da eletricidade do Brasil é gerada a partir de energia hidrelétrica, cerca de seis por cento de combustíveis fósseis e seis por cento de energia nuclear. O Brasil está se tornando um importante exportador de petróleo, com novas reservas recentemente descobertas no mar do Rio.
As exportações brasileiras consistem principalmente de produtos manufaturados (incluindo automóveis, máquinas e calçados), minerais e alimentos tão variados como café, carne bovina e suco de laranja. Mas apenas treze por cento do PIB provém das exportações: a crescente economia interna do Brasil é a força motriz do seu desenvolvimento.
A parte mais populosa do país é o Sudeste, onde as três maiores cidades – São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – formam um triângulo em torno do qual gira a economia.